A expectativa do mercado sobre a economia no Ano Novo com Lula
Inflação estourando novamente a meta e taxas de juros elevadas, consequências do risco fiscal, estão no radar dos analistas para 2023
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Ano novo, vida nova? No caso do cenário econômico brasileiro, a projeção dos analistas é que o país conviva mais uma vez com um cenário bem conhecido: altas taxas de juros para controlar uma inflação, que deve novamente estourar a meta. Segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira, 26, pelo Banco Central, o IPCA deve ser de 5,23% no próximo ano, acima do limite da meta — de 4,75% — e também acima do projetado há um mês, de 5,02%. Já a taxa básica de juros é projetada em 12%. Apesar de ser mais baixa do que a vigente atualmente, em 13,75%, é maior do que a estimada pelos analistas nas últimas semanas, que girava em torno de 11,75%.
A inflação persistente e os juros elevados são consequências da incerteza fiscal do país. Com a posse do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 1º de janeiro, é dado como certo que o teto de gastos terá um fim. Com a aprovação da PEC da Transição, o novo presidente e seu indicado para a Fazenda, Fernando Haddad, terão até agosto para apresentar o novo arcabouço fiscal, e há incerteza do mercado sobre o desenho e se haverá mais gastança o próximo ano. Além disso, segue a indefinição de um nome no Ministério do Planejamento, pasta responsável pela negociação do Orçamento no governo petista.
As altas taxas de juros e a inflação tornam o gasto de famílias e empresas mais caros e afetam diretamente o PIB. A projeção do mercado é que o país cresça apenas 0,79% no próximo ano.
A incerteza sobre o fiscal também eleva a perspectiva da inflação para 2024 e 2025, projetadas em 3,60% e 3,20%, respectivamente
Para este ano, o mercado estima que a inflação dê uma desacelerada e feche o ano em 5,64%, menor que os 5,76% da semana passada, mas estourando o teto da meta em sua margem de tolerância, que vai até 5% – o centro é 3,5%. No caso do PIB, o mercado projeta alta de 3,04%, ligeiramente abaixo dos 3,05% projetados na semana passada.