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São Luiz do Paraitinga vive expectativa por volta da folia após 2 anos sem carnaval; veja relatos

Para moradores e comerciantes, o carnaval é mais do que uma festa de rua, é algo que faz parte da cultura da cidade, passando de geração em geração, além de ser fundamental para a economia local.

Por Marcelo Sarlo*, g1 Vale do Paraíba e Região

Depois de dois anos consecutivos sem folia por causa da pandemia de Covid-19, o tradicional carnaval de São Luiz do Paraitinga (SP) está de volta em 2023. O evento movimenta a economia local e também a paixão dos luizenses.

(Atualização: a poucos dias do carnaval, a cidade de São Luiz do Paraitinga foi atingida por fortes chuvas e decidiu adiar a folia – clique aqui e entenda)

O g1 conversou com moradores de São Luiz do Paraitinga, que há décadas vivem de perto a preparação e a celebração do carnaval da cidade, acompanhando os blocos na janela de casa e têm na ponta da língua as marchinhas, para repercutir a expectativa para retomada da folia na cidade.

Cultura e raízes

Para a psicóloga Dayane Gomes, de 31 anos, que nasceu, cresceu e mora em São Luiz do Paraitinga, o carnaval da cidade é mais do que uma festa de rua, é uma festa que celebra a cultura luizense.

“Dizer sobre o que o carnaval Luizense representa para mim é um desafio, pois o sentimento é grandioso. Para mim, sentir e viver essa festa são um despertar de coisas boas, trazendo o gostinho do encontro com a origem de quem sou, pela cultura que ele traz, pela história que ele mostra, pela marca e originalidade que ele se apresenta, pela felicidade e liberdade que representada a folia Luizense”, disse.

Segundo Dayane, viver em São Luiz é viver a folia o ano todo, porque antes da alegria da festa, tem um longo caminho de preparação e trabalho, que reúne grande parte da cidade.

“Viver em São Luiz é estar sempre preparada para carnaval! Impossível não esperar a chegada dele com o coração transbordando! A verdade é que a gente sente o carnaval de um jeito diferente, de uma forma íntima. A gente sempre espera o carnaval com a ansiedade boa de viver a folia, preparando as fantasias de chita, mas também o coração”, contou.

De acordo com a psicóloga, o hiato sem o carnaval na cidade abalou o comércio local, que é muito dependente da folia, mas a expectativa é que com a retomada da festa, a situação melhores.

“O comércio local, que por muitas vezes utilizava dessa festa como grande parte da rentabilidade, ficou por tempos sem vida, assim como a cidade também, até com que as possibilidades foram chegando de algumas retomadas, se reinventando e fomos vendo tudo ganhando cor novamente para a retomada do carnaval luizenses”, disse.

A expectativa da Dayane para o carnaval deste ano está maior do que nunca. “Esse ano promete! Acredito que nunca esperei tanto o carnaval como neste ano. A retomada de viver esse momento, não representa só a retomada da nossa alegria de folião desta festa, ele representa a retomada de viver após tempos difíceis e com o coração grato, feliz e ansioso aguardando pelo carnaval. A folia é um transbordar de emoções, é uma conexão com a melhor parte de mim”, afirmou.

O músico João Rafael já está se preparando para o carnaval e acredita que a festa vai trazer mais alegria para a cidade. — Foto: Arquivo pessoal

Ritmo de alegria

João Rafael Cursino, de 40 anos, é músico e morador de São Luiz do Paraitinga. Ele conta que começou a viver a folia de carnaval quando era criança como espectador e que hoje, já adulto, é ele quem acaba embalando o mar de gente que vai curtir a festa de rua na cidade.

“Eu sou daqueles luizenses que cresceram e moram na cidade desde a infância, então o carnaval para mim é um dos momentos mais interessantes da minha vida cultural. Quando eu era pequeno ficava muito impressionado com os bonecos, já adolescente comecei a participar dos festivais de marchinhas, então é uma parte muito importante da minha vida e acho que é muito representativa na cidade de São Luiz.”

Agora no papel de agitar os foliões, a preparação para a folia começa meses antes da festa, mas é uma jornada que faz ao lado da família, tornando o momento ainda mais especial.

“Por ser músico, o carnaval exige uma preparação de repertório, de ensaio, de fantasia e como folião eu sempre me preocupo em todo ano pensar em qual bloco vou conseguir sair, tenho meu filho de sete anos e minha esposa que também gostam de carnaval, então a gente sempre se programa em família”, explicou.

O músico acredita que a volta da folia na cidade é esperada por todos e vai trazer mais luz e alegria para o município e os moradores. “Sem o carnaval, a cidade fica fria, vira uma cidade sem vida”, disse.

A comerciante Raquel está animada para a folia e espera que faça muito sol este ano, para a festa ser ainda melhor. — Foto: Arquivo pessoal

Bloco do trabalho

A comerciante Raquel Campos, de 41 anos, nunca folga no carnaval. Ela ama a data, se diverte trabalhando e diz que foi muito triste passar dois anos com as ruas e avenidas da cidade sem foliões.

“Foi muito triste o período sem carnaval, perdemos muitos amigos nessa época, além disso o carnaval é o ápice do turismo na cidade, então impactou muito economicamente”, contou.

Mesmo sem poder curtir a data como os turistas, ela diz que arruma um jeito de conseguir aproveitar o carnaval trabalhando.

“O carnaval para mim é uma época muito alegre, como foliã eu tento fazer pelo menos uma fantasia de chitão, que é a moda principal do carnaval luizense. Eu pulo o primeiro dia, gosto muito do Juca Teles, depois vou para o bloco da saúde, bloco que eu canto e depois vou para a padaria e passo o carnaval todo trabalhando. É o jeito que eu me divirto fazendo o que eu faço em todos os carnavais”, narrou.

Para o carnaval deste ano, a Raquel está com um sentimento de gratidão e tem só um pedido para deixar a retomada da folia ainda melhor.

“Espero que esse ano a gente tenha um bom carnaval e que São Pedro nos ajude e não chova, pois sabemos que carnaval com sol é muito melhor”, disse.

Tradicional Bloco do Barbosa desfilou em São Luiz do Paraitinga em 2020. — Foto: Alice Aires/G1

Tradicional Bloco do Barbosa desfilou em São Luiz do Paraitinga em 2020. — Foto: Alice Aires/G1