Sem corte de gastos, economistas dizem que juros altos pioram crise fiscal

Finanças

Com elevação da Selic a 15%, economistas estimam impacto bilionário na dívida pública federal

As políticas fiscal e monetária se relacionam diretamente e o cenário de uma tende alimentar o da outra, segundo economistas ouvidos pela CNN. E após o Banco Central (BC) voltar a subir a taxa Selic, que mede os juros básicos do país, os cálculos apontam para impactos bilionários na dívida pública federal.

A elevação da Selic afeta diretamente a Dívida Pública Federal (DPF) – contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit do governo federal, incluindo o refinanciamento da própria dívida – através do custo dos papéis cujos ganhos são atrelados à taxa, como as LFTs (Tesouro Selic) e as operações compromissadas.

“Mas não só, a elevação da Selic tendo efeito sobre a curva de juros como um todo tende a afetar a dívida via custo de emissão de todos os demais papéis que o governo coloca semanalmente no mercado para financiar o seu déficit e a própria rolagem da dívida”, pontua Jeferson Bittencourt, head de macroeconomia do ASA.

Cenário fiscal força alta dos juros

Ao comunicar sua decisão, o BC ressaltou sua preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação do mercado. Um dos fatores no radar da autarquia é o impacto da política fiscal sobre essas percepções.

“A crise fiscal agrava a situação inflacionária, que pressiona a Selic para cima e para mantê-la assim por mais tempo. Colocar o controle da inflação, que demanda a Selic mais alta, como agravante da crise fiscal, esconde a raiz do problema, que está no desequilíbrio dos gastos elevados e nos incentivos a uma atividade econômica mais aquecida, que pressiona os preços”, diz Bittencourt, do ASA.

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