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Investidor avalia acordo sobre teto da dívida nos EUA

Ações cíclicas, de energia e de menor capitalização nas bolsas podem ser beneficiadas

Investidores globais tentam descobrir como o acordo provisório para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos pode se espalhar pelos mercados, já que os legisladores enfrentam um caminho difícil para aprovar o acordo no Congresso antes do prazo de 5 de junho. Um acordo para elevar o limite de dívida de US$ 31,4 trilhões anunciado pela Casa Branca e os republicanos da Câmara evitaria um calote catastrófico dos EUA e aumentaria o apetite geral por risco, além de impulsionar alguns dos setores que foram deixados para trás no rali liderado pela tecnologia deste ano, como ações cíclicas e small caps, segundo investidores.

Mas alguns temem que os cortes de gastos propostos possam pesar no crescimento dos EUA. Ao mesmo tempo, um processo de negociação que mal evitou um default ameaça minar a posição dos EUA perante as agências de classificação de crédito. “Embora o acordo do teto da dívida da Casa Branca seja uma ótima notícia, o governo dos EUA ainda tem um problema de fluxo de caixa e o tempo é essencial para finalizar os acordos”, disse Bob Stark, chefe global de estratégia de mercado da empresa de tesouraria e gestão financeira Kyriba. “O acordo é apenas o primeiro passo para salvar o governo da beira da iliquidez.”

O acordo suspende o teto da dívida até janeiro de 2025 em troca de limites de gastos e cortes em programas do governo. Margens estreitas na Câmara e no Senado significam que os moderados de ambos os lados terão que apoiar o projeto. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, estabeleceu na sexta-feira um prazo para aumentar o limite da dívida federal, dizendo que o governo entraria em default se o Congresso não aumentasse o teto até 5 de junho.

Uma vez que o mercado de US$ 24,3 trilhões do Tesouro americano sustenta o sistema financeiro global, uma inadimplência – ou mesmo um triz – pode desencadear uma enorme volatilidade  nos mercados globais. O otimismo de que um acordo estava próximo e os fortes ganhos nas ações relacionadas de tecnologia ajudaram o S&P 500 a fechar em seu nível mais alto desde agosto de 2022 na sexta-feira. O índice acumula alta de 9,5% no ano.

Entre os setores que podem se beneficiar estão as ações defensivas, que ficaram para trás durante as negociações, bem como setores cíclicos e ações de energia, disse Quincy Krosby, estrategista-chefe global da LPL Financial. “A esperança é que a aprovação deste acordo provisório ajude a sustentar o mercado mais amplo e não só o punhado de grandes nomes da tecnologia que mantiveram o mercado em território positivo.”

Stuart Kaiser, chefe de estratégia de negociação de ações do Citi, disse que um acordo pode dar um tom “modestamente positivo” para os índices dos mercados de ações, mas com um impulso maior para setores que ficaram para trás, incluindo empresas com balanços mais fracos e ações de empresas de menor capitalização nas bolsas.

Mas os investidores desconfiam que os limites de gastos afetarão setores específicos, bem como a economia dos EUA em geral. “O que os investidores vão focar agora é o custo dos cortes de gastos para a saúde da economia americana”, disse Stark. “Quanto impacto esses cortes de gastos terão no PIB e no crescimento econômico?”

Enquanto isso, a ameaça em Washington pode levar as agências de classificação a rebaixar a dívida dos EUA. A Fitch colocou a dívida soberana em observação para um possível rebaixamento, enquanto a DBRS Morningstar pôs as classificações de crédito sob revisão com “implicações negativas”.

A S&P Global Ratings retirou aos Estados Unidos sua cobiçada classificação máxima devido a um confronto de teto de dívida em 2011, alguns dias depois de um acordo de última hora que a agência na época disse não estabilizar a “dinâmica da dívida de médio prazo”. O rebaixamento contribuiu para um declínio nas ações dos EUA, que viram o S&P 500 perder cerca de 17% entre o fim de julho e meados de agosto de 2011.

Os investidores também estão se preparando para uma potencial volatilidade nos títulos do governo dos EUA, já que o Tesouro deve reabastecer rapidamente seus cofres com a emissão de títulos assim que o teto da dívida for elevado, potencialmente sugando centenas de bilhões de dólares em dinheiro do mercado. “Teremos o otimismo de que um acordo foi feito e que uma crise real foi evitada, e a temida fuga de liquidez  ao mesmo tempo”, disse Damien Boey, macroestrategista da BarrenJoey. “A volatilidade da taxa de juros aumentará, e isso fará com que os bancos e as ações de crescimento não tecnologia sejam retardatárias”.

Fonte: Redação IF